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sábado, 25 de abril de 2009

Democracia Participativa, um Estímulo a Prática da Cidadania Ativa

Me lembro de um pequeno episódio.
Ao iniciar meus trabalhos como monitor nos telecentros comunitários de São Paulo em 2001, coincidentemente começaram as reuniões nos bairros para elaboração do projeto de orçamento participativo.
Eu sempre incentivava os usuários da unidade a ir a noite para as reuniões e defender e votar aqueles projetos que fossem de interesse comum e prioritário para aquela comunidade.
Um certo dia presente na primeira reunião do orçamento naquela comunidade, entre muitos debates o mediador chamou os presentes para falarem e defender as idéias de melhorias ou reivindicar.
Houve muita timidez naquele momento, o silencio foi profundo e parecia que ninguém iria falar. Depois uma senhora se levantou e foi ao microfone aberto, mas tremia muito e não conseguia falar direito.
A resposta dela para tal situação: " eu não estou acostumada a falar em microfone e na frente de tanta Gente" "Aliaz nunca falei, nunca tive esta oportunidade"
Mas com uma certa dificuldade ela deu sua opinião, colocou alguns problemas do seu bairro, por fim disse o que teria que ser feito.
Depois daquele dia, eu que também era daquela comunidade e que ia a todas as reuniões possíveis do orçamento vi esta senhora em todas. depois eu a convidei para o conselho do telecentro e até hoje ela é uma ativista das causas comunitárias.
Por isso eu digo que a comunicação com participação coletiva transforma, mobiliza, integra e estimula a cidadania. mas para a comunicação ser ativa e aberta também precisa ser estimulada.
Este estimulo, não só a fez comunicadora, mas ativista e articuladora politica. também serviu de exemplo para os acomodados e passivos.

Ocupação dos Espaços Coletivos para Comunicação e Integração Social

Um dia eu fazendo uma brincadeira ao tomar uma cerveja, disse: A gente conhece o bom gosto e a inteligência de uma pessoa pelo Jornal que lê, pela cerveja que toma, e pela música que curte.
O colega disse para me desafiar, e você toma cerveja aqui porque? pois certamente na sua casa tem cerveja na geladeira. Afinal proque você toma cerveja.
Eu não poderia deixar de dar o meu argumento para aquele questionamento.
Eu disse que tomar cerveja e principalmente fora de casa era uma forma de encontrar outras pessos, de confraternizar com pessoas com a mesma idéia ou com opiniões diferentes só para reafirmar as suas, saber das novidades, das histórias, das fofocas, dos acontecimentos, etc.
Citei este exemplo simples, para dizer que vejo hoje as pessoas cada vez mais se recolhendo, se fechando, desconfiadas não conseguem dialogar. Isto na familia, no trabalho, e no bairro ou cidade.
Mas tem muitas cidades pequenas e vilas do interior que ainda é possível ver esta comunicação fluir. Do seu jeito simples, mas cordial.
mas nos grandes centros as pessoas se petrificam na frente da tv para fugir de todos os problemas.
As associações de Bairros, os sindicatos, (afinal os trabalhadores estão na comunidade) as prefeituras, os vereadores, os lideres comunitários, deveriam realizar mais atividades de rua, teatro debaixo de uma árvore, mutirão para recuperar uma praça, campeonato de adolescentes, crianças e adultos, bicicletadas, festival de declamação de poesias etc.
Isso tudo tem um poder fantástico de envolver a comunidade, se juntarem para falar mais, expressar mais, descobrir oportunidades, trocar experiências, sentir-se cidadão, útil e valorizado. Tudo isso é tocado pela iniciativa e o resto é mantido pela magia da comunicação alegre e coletiva expressiva. Todo bairro deveria ter um jornal e escrito pelos próprios moradores.
De um modo Geral, os canais de rádio e tv deveriam ser mais interativos. tem muita jente querendo falar, mas precisam de um espaço.precisa ser ouvida ou lida, ou observada.
As rádios comunitárias precisam realmente ser comunitárias, ter conselho gestor, reuniões de pauta, levar o microfone para as ruas, deixar falar as crianças, as mulheres, os jovens.
Na era da informação, popularizar as rádios web, escrever os blogs comunitários, colocar as histórias daquele povo, do seu dia-dia, suas dificuldades, suas culturas na rede.
As concessões de rádio e tv devem ser mais democrática, uma nova legislação para os veículos exigindo um mínimo de programas culturais, regionais, utilidade pública, debates sobre temas nacionais e regionais.
precisamos também aprender a deixar de ouvir produção besteirol, termos mais consciência crítica em relação aos conteúdos. não ir consumindo tudo que aparece. afinal um programa só prevalece se tiver audiência. Se está lá é porque tem muita jente vendo ou ouvindo.
Acredito que este conjunto de detalhes pode ajudar a melhorar a comunicação de um modo geral.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Comunicação Para a Transformação

Para mim, comunicação deve ser um direito universal, e instrumento de expressão de todos.
Transformaram os principais veiculos de comunicação em monopólios regionais a serviço de algumas familias tradicionais, hoje religiões, grupos politicos. Usaram a comunicação como instrumento de poder, alienação, dominio e controle social. Transformaram mentiras em verdades, miséria em espetáculo, imagens e produções em sonhos inalcansáveis.
Vieram mais emissoras de Rádio e tv, aparentemente surge uma pequena concorrência, mas para a interatividade ainda falta muito.
Ao invés da criatividade popular do brasil com seus costumes e diversidades, entra a tragédia da violência dos grandes centros urbanos.
Veio o computador, e esta nova máquina foi se transformando em equipamentos de mídias. internet livre, parecia o advento da democratização da informação e da comunicação do povo em todos os recantos do País. Mas não democratizaram o acesso, as bandas. E quem toma conta das Bandas? Quem vende o acesso? em muitos lugares são aqueles mesmos dos monopólios e grupos regionais que só disponibiliza onde os interessa economicamente. Mesmo assim a internet continua livre. Será? veio os blogs, uma forma democrática e acessivel de comunicação, de novo quem tem os melhores blogs? quem usou este espaço midiático para produzir conteúdo, expressões culturais? Onde nós estamos neste espaço aberto de comunicação?
Comunicação é um ato de expressar idéias, pensamentos, opiniões, pontos de vista, experiências, conhecimentos, saberes. integração de povos, pessoas e grupos. usada massivamente ela se transforma em poder para o bem ou para o mal. Se for democrática e participativa o poder é para todos, poder para transformações positivas na sociedade. Se não for democrática e participativa será ainda instrumento de poder para poucos para manipular as massas consumidoras de conteúdos sem senso crítico da informação e produção, despolitizadas sem consciência crítica da sua própria realidade e seus valores.
Acredito que já perdemos muito tempo ao não ocupar de vez este instrumento de comunicação um pouco mais acessivel chamado internet. Ocuparmos, mas de forma produtiva, construindo e compartilhando nossas idéias e expressões culturais e criativas da nossa realidade e dos conhecimentos comunitários.
Mas ainda há tempo de usar melhor este meio antes que deixe de ser livre, antes que os mais espertos tentem controlar-nos, antes que os já poderosos as encampe de vez.
Toda vez que falamos em comunicação, criticamos as velhas oligarquias, os grupos regionais controladores, mas esquecemos muitas vezes do papel que nos cabe nesta desigual e injusta sociedade brasileira, de ocupar os espaços democráticos que ainda nos resta para revolucionarmos os conteúdos com idéias diferentes, manifestações culturais, informações relevantes, historias do povo, ciencia, arte popular, novas oportunidades.
Deixaremos de ser só consumidores para sermos uma massa de produtores de conteúdos. A revolução na era moderna, nos tempos modernos não será industrial, não será de Guerras ou lutas violentas para derrubar ditadores. será uma revolução silenciosa construída com estratégias e inteligências e o poder não será só da comunicação mas de quem souber utilizá-la em todo o seu potencial. comunicação é transformação.

Jesulino Alves.